Miguel Chaia*
O logotipo do Neamp foi criado pela artística plástica Regina Silveira. Veja abaixo, texto de Miguel Chaia sobre sua obra.
Nasceu em Porto Alegre – RS, em 18/01/1939. Atualmente, é uma das principais artistas plásticas do Brasil. Foi professora da FAAP e da ECA-USP. Defendeu mestrado (1980) e doutorado (1984) na USP, na área de Artes Plásticas. Realizou exposições no país e no exterior, sendo que residiu e trabalhou por muitos anos na Espanha e nos Estados Unidos.
Regina Silveira possui uma posição especial no circuito artístico por exercer, paralelamente, a docência acadêmica (é importante formadora de artistas) e a prática artística autônoma e crítica.
Seus trabalhos, normalmente na cor preta, utilizam-se da perspectiva e do jogo de sombras, expressam uma forte crítica social e denunciam as estratégias ou estruturas de poder. Regina Silveira faz uso do deslocamento das situações e dos objetos, radicaliza o recurso da perspectiva – criando, assim, a sensação de estranhamento.
Regina faz uma arte de transgressão, discutindo a linguagem e os procedimentos do trabalho artístico. Trata-se de uma profissional engajada, defendendo que o artista deve assumir um discurso crítico, busca atiçar a imaginação e distanciar-se das regras do mercado.
As seguintes obras de Regina podem ser lembradas como exemplos das observações acima:
1. Quebra-cabeça com símbolos latino-americanos.
Um painel com mais de 3 x 2 metros, na forma de um complexo quebra-cabeça, sendo que cada peça reproduz símbolos como Che Guevara, Pão-de-Açúcar, Carmem Miranda, guerrilha, militares, sexualidade…, etc., tentando expressar os paradoxos do Brasil e da América Latina.

2. A lâmpada que emite luz preta
Discute os problemas da razão e da consciência, a partir do símbolo da luz que também existe nas telas de Goya (cena do fuzilamento) e de Picasso (cena de Guernica).



3. Encuentro
Um out-door que esteve exposto pela cidade, mostrando uma reunião de poderosos denunciados pelas sombras que criam/representam: um militar que deixa o rastro/sombra da arma, o industrial que deixa as marcas de peças dentadas e o predador do meio ambiente que se transforma numa sombra da serra elétrica, etc.

4. Fachada na frente do prédio da Bienal de São Paulo, 1998.
Centenas de pegadas/patas de animais, de diferentes tipos, como se estivessem invadindo o espaço interno da exposição.

*Miguel Chaia é professor do Departamento de Política e da Pós-graduação em Ciências Sociais e pesquisador do NEAMP da PUC-SP.